México e Taiwan estão separados pelo Oceano Pacífico e por 13.534 quilômetros, mas estão unidos por algo que vai além das distâncias: a fraternidade. Não se trata de uma fraternidade política ou econômica, mas uma fraternidade construída de baixo, com ações concretas de solidariedade que semeiam esperança. Uma fraternidade que se constrói quando temos a coragem de cuidar um do outro (#daretocare).

Esta é a história de David e Nikté, do México, e Roisin, de Taiwan. Tudo começou com a chegada da pandemia.

Apesar da proximidade com a China, o ponto zero da epidemia, Taiwan conseguiu controlar a situação e tem menos de 500 infecções. Enquanto no México a situação foi mais crítica. Atualmente, é o quarto país da América Latina com o maior número de pessoas infectadas e o segundo com o maior número de mortes (+ de 27 mil pessoas morreram).

A pandemia não afetou apenas a saúde das pessoas, mas também o comportamento social e a economia. Este último aspecto é o ponto de partida desta história, uma iniciativa que ultrapassa fronteiras na tentativa de ajudar os mais necessitados, aqueles que mais sofrem devido à pandemia.

Eis o que conta Nikté, uma jovem mexicana: “Quando o confinamento no México começou, imediatamente entendemos que tínhamos que fazer algo para ajudar as pessoas que vivem na pobreza e que não têm emprego. Juntamente com David, começamos a coletar fundos e a pensar no que poderíamos fazer por eles. É preciso simplesmente ter coragem para fazer algo pelos outros. Começamos com pouquíssimo dinheiro e alguns alimentos não perecíveis, que levamos a essas pessoas; em seguida, gravamos alguns vídeos nos quais essas pessoas agradeciam pela “ajuda”.

Uma das grandes protagonistas destes tempos tem sido a conectividade e a comunicação digital. E justamente por esses meios, esses vídeos gravados por Nikté chegaram às mãos de Roisin, em Taiwan, que, vendo a situação lá no México, decidiu agir. “Felizmente, em Taiwan, não fomos atingidos de forma grave pela pandemia e, quando vi esse vídeo, fiquei muito impressionado ao ver as pessoas que viviam naquela situação”, disse Roisin.

Roisin decidiu compartilhar o vídeo com seus amigos e conhecidos: “Quando as pessoas viram a situação no México, começaram a doar fundos, mas também espalharam a notícia na região do Leste Asiático. E pessoas da Coreia, do Japão, de Hong Kong e até de outros lugares, como Vancouver e Reino Unido, foram se envolvendo. Foi surpreendente ver como as pessoas decidiram doar incondicionalmente e com total confiança, sem perguntar se era uma organização estatal ou privada. Eles simplesmente acreditaram, confiaram e doaram com grande generosidade”.

Toda essa ajuda vinda de seis países, através de 150 pessoas diferentes, chegou ao México. Como resultado, 25 famílias recebem semanalmente alimentos e produtos de higiene pessoal. O projeto começou em março e até agora eles conseguiram alimentar 1.500 crianças. David anota cuidadosamente o dinheiro que é recebido e doado. Ele está ciente da evolução e do percurso daquilo que começou apenas como uma ideia. David afirma que tudo foi muito especial para ele, e acrescenta: “Podemos dizer que uma rede de ajuda foi criada. É uma experiência maravilhosa, que vai além das fronteiras. Esses auxílios estão chegando aos mais necessitados e lhes devolvendo um pouco de esperança”.

Reunidos em dias diferentes devido às 13 horas de diferença do fuso horário entre México e Taiwan, os três finalmente se encontraram graças a esta entrevista. Rousin acena com a cabeça, em sinal de concordância com as palavras de David, e acrescenta: “Para mim, foi um verdadeiro exemplo de unidade. Essa pandemia nos isolou, mas essa experiência nos uniu”.