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Pacto Global pela Educação: Juntos para olhar além

 
23 outubro 2020   |   , ,
 

Quinta-feira, 15 de outubro, realizou-se na Pontifícia Universidade Lateranense o evento “Juntos para olhar além”, promovido pela Congregação para a Educação Católica com o tema do Pacto Educacional Global, a fim de promover uma mudança planetária no campo da educação.

O evento Global Compact on Education (Pacto Global pela Educação) promovido pelo Papa Francisco, deveria ter ocorrido no último dia 14 de maio, mas devido à pandemia foi reprogramado e, como muitos outros eventos, teve que mudar de modalidade. Neste caso, o evento “Juntos para olhar além” aconteceu na quinta-feira, 15 de outubro, como uma etapa intermediária, para sublinhar a urgência de um pacto educacional global, o cuidado e a atenção que o Santo Padre tem para com a Educação.

O evento, que aconteceu na Aula Magna da Pontifícia Universidade Lateranense e foi transmitido ao vivo pelo canal YouTube Vaticano News, começou com uma saudação formal do Reitor da Pontifícia Universidade, Prof. Vincenzo Buonomo, para logo em seguida dar espaço ao Papa Francisco e à sua videomensagem, na qual ele sublinhou a urgência de “um processo plural e poliédrico, capaz de nos envolver a todos em respostas significativas, no qual a diversidade e as abordagens saibam harmonizar-se na busca do bem comum”.

O Papa Francisco propôs sete pontos concretos que visam responder à cultura do descarte, da segregação, da mudança climática, da discriminação racial e de gênero, da indiferença intergeracional e da falta de escuta, da corrupção política e econômica, entre muitas outras questões.

Seu discurso foi essencial, esperançoso, um convite a “ir para diante: todos juntos, cada um como é, mas sempre olhando juntos para frente, para a construção de uma civilização da harmonia, da unidade, na qual não haja lugar para esta péssima pandemia da cultura do descarte.

Sucessivamente, seguiram-se as palestras do cardeal Giuseppe Versaldi e do arcebispo Angelo Vincenzo Zani – respectivamente prefeito e secretário da Congregação para a Educação Católica –, que revisaram algumas das etapas fundamentais do caminho rumo ao Pacto Educacional Global. Desde setembro de 2019, a Congregação promoveu onze conferências internacionais para aprofundar os diversos aspectos do Pacto, em colaboração com universidades, academias e centros de estudos. As conferências abordaram temas como democracia, paz, ecologia, diálogo intergeracional e inter-religioso, aprendizagem no serviço, formação para a cooperação internacional e um seminário de estudos em Abu Dhabi, para aprofundar o documento assinado em 4 de fevereiro de 2019 em Abu Dhabi entre o Papa e o Grande Imã Al-Azhar. Instituições e organizações dedicadas à educação têm realizado diversas iniciativas, gerando experiências inéditas que serão veiculadas nos próximos meses.

A Diretora Geral da UNESCO, Audrey Azoulay, destacou a crise educacional global agravada pela pandemia que registra mais de um bilhão e meio de alunos privados de suas salas de aula: “Portanto, precisamos de um novo compromisso da sociedade para uma nova educação, como deseja o Papa : uma educação global, compartilhada e integral. […] A paz se constrói em primeiro lugar nas nossas mentes, e a Unesco – concluiu Azoulay – trabalha todos os dias para isso. Por uma aprendizagem de qualidade e contínua, longe de preconceitos e que favoreça uma sensibilidade comum”.

Intenso foi o discurso da socióloga Silvia Cataldi, professora da Universidade “La Sapienza” de Roma, que destacou que:

Este Pacto pode funcionar se nós, como educadores, e não apenas como professores, virarmos às avessas e voltarmos ao sentido, ao significado verdadeiro de cultura, que vem do termo “cultivar”, que também significa cuidar, amar. E se falamos de amar, não falamos apenas de cabeça, falamos com certeza de coração. E o amor tem uma dimensão eminentemente prática, e isso é o fundamental. A educação é antes de tudo cuidar e, como dizia Hannah Arent, o cuidado diário é um gesto revolucionário.

Entre as palestras, houve também as de dois estudantes: Hiro Tanaka, budista japonês, e Amen Mohammed Sahnouni, muçulmano argelino, ambos alunos do Instituto Universitário Sophia de Florença.

«Como budista, vivo em diálogo entre as religiões. O convite do Papa me estimula de modo todo particular. Entendo que o Pacto Educativo serve para responder aos desafios mais urgentes, porque todos somos chamados a gerar harmonia e aliança entre pessoas e instituições diferentes. Isso requer escuta entre as gerações, mas também entre todos os componentes da sociedade – disse Hiro Tanaka –. Em minha experiência pessoal com meus irmãos cristãos e muçulmanos, experimentei que a unidade na diversidade é como um chamado a estarmos em relação. Se conseguirmos ser mais transparentes e fizermos o vazio para acolher os outros, podemos juntos crescer mais. É um caminho comunitário a ser percorrido em direção a uma cultura integral de unidade e fraternidade”.

O jovem Amen Mohammed convidou todos a um compromisso individual: “Há 800 anos um sábio muçulmano (Rumi) disse: ‘ontem eu era inteligente e queria mudar o mundo, mas hoje sou sábio e então mudo a mim mesmo’. Todos precisarmos ter a coragem e a visão de mudar as coisas, mas antes de tudo precisamos agir em nós mesmos”.

Enquanto isso, o trabalho pelo Pacto Global pela Educação continua, particularmente desenvolvendo quatro áreas: a dignidade dos direitos humanos; paz e cidadania; ecologia integral; fraternidade e desenvolvimento. A Universidade de Notre Dame dos Estados Unidos, a Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, a Universidade Javeriana de Bogotá e a Universidade Católica do Sagrado Coração de Milão estarão particularmente envolvidas no estudo desses temas. O trabalho será coordenado pela Universidade Lumsa de Roma, com o objetivo de desenvolver as perspectivas indicadas na mensagem do Papa Francisco.


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