Workshop
Um empreendimento para a fraternidade: a Nuova Global Foundation
Um projeto ambicioso, mas muito necessário que, no mundo dos negócios, ajuda a transmitir uma mensagem de fraternidade.
Lawrence Chong e Stanislav Lencz: basta ler os dois nomes para perceber que nos deparamos com dois mundos opostos; dois profissionais, um dos quais representa a velha Europa – velha sim, mas aberta a novidades –, e o outro representa o novo mundo, não tanto aquele descoberto por Colombo, mas o “novo” no sentido figurado, berço de tecnologias, experimentos, novas fronteiras.
Lawrence é de Cingapura, Stanislav é da Eslováquia. Ambos trabalham na área da consultoria empresarial, da alta tecnologia, para análise, projetação, planejamento e implementação dos objetivos de um plano de trabalho para qualquer empresa. Juntos, eles se dedicam a um grande projeto, que vai além das fronteiras de seus países, cada um estando em sua casa, é claro. É curioso ouvi-los falar das últimas novidades, é possível vislumbrar paixão e uma grande humildade.
«Para começar, é preciso falar da Consulus, uma empresa de consultoria em inovação, fundada em 2004 em Cingapura que se inspira nos valores da fraternidade» – diz Lawrence. Mas aqui talvez o nosso leitor já possa começar a se perder e por isso pedimos mais informações: «A empresa nasceu com uma visão muito específica: servir aos nossos clientes ouvindo profundamente, num processo de cocriação multidisciplinar inspirado no design thinking[1]. Desde muito jovem, conheço os valores da fraternidade, da unidade na diversidade, do estar juntos em equipe, e sempre pensei que estes valores também podiam estar inseridos no mundo dos negócios, assim como a Economia de Comunhão vem demonstrando, fazendo com que se tornem estratégia, método, processo, prática, cultura.»
Alguns valores, efetivamente, muitas vezes estão associados ao mundo econômico: inclusão, equipe, valorização de recursos, mas tudo isto visa sempre apenas a obtenção de maior lucro, sem levar em consideração, muitas vezes, outros tipos de impactos, principalmente do ponto de vista humano, social e ambiental.
«A estratégia da Consulus» – continua Stanislav Lencz – «é considerar esses valores, que são bons em si mesmos, e orientá-los para servir ao que chamamos de “purpose”, em português poderíamos dizer “propósito superior”, acima da missão e visão da empresa ou da organização. Para nós, inspirados nos princípios da Economia de Comunhão, a meta é a fraternidade.»
Claro, o empreendimento deve ser feito, o lucro é necessário para sobreviver, mas está inserido em outra lógica, naquela “cultura da partilha” que a fundadora da EdC, Chiara Lubich, sempre mencionou.
Na Consulus, trabalham pessoas de diversas origens sociais, que vivem em várias partes do mundo, portadoras de sensibilidades por vezes opostas. O desafio, então, é justamente o de unificar as diferenças salvando as especificidades de cada um, mas é essa multiplicidade colorida, vivida na dinâmica das relações autênticas, que permite a cada um tornar-se a melhor versão de si mesmo. A experiência da Consulus confirma isso: desta forma é estimulada a máxima capacidade de inovação, criatividade, produtividade, por meio de um diálogo contínuo, por vezes claramente difícil, mas nunca impossível. Tudo isso permite ir fundo, encontrar soluções inesperadas para determinado um projeto e garantir a longevidade de cada atividade.
Um desses projetos, que está chegando à sua finalização nestas últimas semanas, é o Nuova Global Foundation, uma nova plataforma que, como diz o site, é para a unidade e o diálogo inclusivo. «O nosso nome “Nuova” deriva do nome Città Nuova, a revista fundada por Chiara Lubich em 1956 que hoje é a expressão de uma cultura de fraternidade no mundo todo. Representa o que buscamos alcançar: construir novas perspectivas, desenvolver um novo entendimento e respeito mútuo, inspirar novas maneiras de moldar um mundo unido por meio da mídia».
Tudo começou quando vimos a necessidade de encontrar um agente que pudesse ajudar a compreender como fortalecer, e em alguns casos criar, a “rede” de edições e de revistas Città Nuova em todo o mundo, garantindo a sua sustentabilidade e impacto global.
Para criá-lo, a equipe da Consulus, nos últimos anos, leu quase tudo o que Chiara Lubich, a fundadora do Movimento dos Focolares do qual Città Nuova é uma expressão, disse ou escreveu sobre as revistas e as editoras.
«O interessante é que Chiara Lubich sempre viu essas realidades como um serviço à humanidade, para veicular ideias e projetos que trouxessem benefícios a um mundo tão conturbado, mas que anseia pela fraternidade. Esse radicalismo do diálogo corajoso no mundo dos meios de comunicação é muito atual, e hoje ainda mais do que nunca, porque a pandemia evidenciou como estamos intimamente ligados uns aos outros, gerando uma necessidade de unidade inclusiva na economia, na política, na educação, mas também no campo das religiões.»
Dois projetos já foram lançados e as diversas redações estão trabalhando nisso: o projeto Economia Inclusiva, para mensurar o estado atual da inclusão econômica no mundo todo por meio do lançamento de uma pesquisa global e entrevistas com líderes e organizações, a fim de compartilhar como eles têm dado forma a práticas inclusivas em seus ambientes. O segundo é um projeto em preparação com a rede da Città Nuova presente na África, para colocar em evidência o continente considerado o berço da humanidade na sua vitalidade e capacidade de trilhar caminhos sempre novos de desenvolvimento, para tornar conhecidos os empresários africanos, bem como as influências que estão gerando mudanças sociais através dos negócios e o impacto em suas comunidades.
«O mundo da Città Nuova é internacional, e as várias edições estarão cada vez mais online, mais interligadas, para poder falar ao mundo, capitalizando esforços, valorizando conteúdos e métodos de cada editora, que na própria região do mundo é uma verdadeira empresa cultural».
A grande novidade é que, pela primeira vez, as Città Nuova se apresentam ao público juntas, trabalham juntas em um único projeto de mídia, multicultural, mas unido e impactante.
«Isto porque» – continua Stanislav – «o nosso desafio é a fraqueza. Parece estranho, mas é assim mesmo. Geralmente isso é visto como um fracasso, mas nós pensamos que a nossa fraqueza, que talvez seja o fato de sermos pequenos, se for vivida juntos, todos estando projetados em direção a um horizonte bem claro, cria um bem, influencia e arrasta os outros, melhorando o mundo».
[1] Design thinking: método para estimular ideação e perspicácia ao abordar problemas relacionados a futuras aquisições de informações, análise de conhecimento e propostas de soluções. N.d.T.