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Doorbell, um curta-metragem sobre crianças que assistem a atos de violência doméstica

 
18 outubro 2022   |   , ,
 

Manuel Macadamia, um jovem diretor de cinema de Milão, relata o trauma causado pela violência assistida por menores. Faz isso mediante um curta-metragem de animação, em colaboração com um grupo de psicólogos.

«A violência assistida, ou seja, o que um menino ou uma menina vê, embora não sofra diretamente, cria traumas que permanecem impressos por muito tempo».  Manuel Macadamia, um diretor milanês de 25 anos, explica o tema de seu novo curta-metragem de animação. Depois de um treinamento teatral, ele agora trabalha com conteúdo audiovisual, e esta é sua primeira produção audiovisual em animação.  Foi realizada com a técnica frame by frame (quadro a quadro), ou seja, desenhando manualmente mais de cem pequenas pinturas, com um trabalho de aproximadamente sete meses. Todo esse trabalho movido por uma grande motivação: sensibilizar para o tema, conhecido muito pouco ainda, da violência doméstica assistida pelas crianças.

«Tudo nasceu porque descobri que uma pessoa que amo muito viveu nesses contextos – explica Manuel – e, ao me informar mais, descobri que infelizmente é um fenômeno muito frequente. Não há necessidade de ter vergonha disso, mas é preciso falar a respeito para superar o trauma».  O termo “violência assistida” indica uma forma de violência à qual o menino ou a menina testemunha, enquanto é infligido em uma figura de referência. Infelizmente, isso pode levar a consequências  de tipo “físico, cognitivo, comportamental e de socialização”, como relatado no site  italiano Save the Children[1]. Muitas vezes essas crianças carregam consigo um medo constante, um grande sentimento de culpa, bem como ansiedade, tristeza e raiva.  Mas o fato que mais impressionou Manuel foi o seguinte: em crianças que presenciam atos de violência doméstica há «um alto risco de transmissão intergeracional da violência»[2].  Em outras palavras, há uma probabilidade de que seja acionado um círculo vicioso, de modo que aqueles que testemunharam a violência repitam o mesmo comportamento. Foi assim que Manuel se convenceu da importância da conscientização. «Logicamente não se trata de uma visão determinista – ele especifica –, se aconteceu de você testemunhar esse tipo de violência, não quer dizer que você se tornará uma pessoa violenta! Mas geralmente, para poder superar o trauma, é necessário reconhecê-lo, falar sobre isso e trabalhar por anos e anos em si mesmo, com a ajuda de profissionais.»

Esse curta-metragem, vocês vão ver, foca muito em sensações. Não explica em palavras o que é a violência assistida; ao invés, tenta fazer com que as emoções sejam vivenciadas mediante imagens, as quais não contêm conteúdos explícitos que permitam a visualização. «Creio que uma característica de nós, seres humanos, é a empatia – explica o diretor –. Se conseguirmos  criar um vínculo empático com as pessoas, então talvez elas se interessem mais por certos temas.»

Doorbell não é  apenas um curta-metragem: a partir dele, nasceu um projeto real, em parceria com um grupo de psicólogos. O objetivo é acompanhar a visão do vídeo em momentos de diálogo e discussão. Durante o festival de filosofia em Modena, realizado em setembro passado, o curta-metragem  foi assistido por alguns grupos de pessoas, e Manuel diz: «Por parte de todos, depois de vê-lo, houve o desejo de parar e falar sobre isso.  Foi um resultado muito bom. Espero que esse projeto possa representar uma pequena gota que interrompa o encadeamento.»

O curta-metragem animado:

[1] https://www.savethechildren.it/blog-notizie/cos-e-la-violenza-assistita-e-quali-le-conseguenze-sui-bambini

[2] https://www.savethechildren.it/blog-notizie/i-segnali-della-violenza-domestica-e-come-riconoscerli


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