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Olhar realmente dentro do outro: a lição de “Divertida-Mente”

 
11 julho 2024   |   Internacional, filme,
 
INSIDE OUT 2 - SENSING SOME ANXIETY -- Disney and Pixar’s “Inside Out 2” returns to the mind of newly minted teenager Riley just as new Emotions show up unexpectedly. Among them is Anxiety, voiced by Maya Hawke, who isn’t the type to take a back seat, which makes Riley’s core Emotions—like Fear (voice of Tony Hale), Anger (voice of Lewis Black), Joy (voice of Amy Poehler) and Disgust (voice of Liza Lapira)—a little uncomfortable. Directed by Kelsey Mann and produced by Mark Nielsen, “Inside Out 2” releases only in theaters June 14, 2024. © 2024 Disney/Pixar. All Rights Reserved.
INSIDE OUT 2 – SENSING SOME ANXIETY — Disney and Pixar’s “Inside Out 2” returns to the mind of newly minted teenager Riley just as new Emotions show up unexpectedly. Among them is Anxiety, voiced by Maya Hawke, who isn’t the type to take a back seat, which makes Riley’s core Emotions—like Fear (voice of Tony Hale), Anger (voice of Lewis Black), Joy (voice of Amy Poehler) and Disgust (voice of Liza Lapira)—a little uncomfortable. Directed by Kelsey Mann and produced by Mark Nielsen, “Inside Out 2” releases only in theaters June 14, 2024. © 2024 Disney/Pixar. All Rights Reserved.

Eis uma leitura “relacional” do belo filme de animação “Divertida-Mente”, cujo segundo episódio (bem-sucedido) está nos cinemas atualmente. Na viagem original à mente e ao coração da protagonista, podemos encontrar o conselho útil de nunca observar os outros com superficialidade e egoísmo, mas, ao contrário, com empatia e de modo completo.

Alguém, talvez Platão, talvez Ian Maclaren, não sabemos ao certo e basicamente isso não é importante, um dia disse: “Cada pessoa que você encontra está travando uma batalha sobre a qual você não sabe nada. Seja gentil, sempre”. É uma frase desafiadora, mas preciosa, a ser reavivada no coração toda vez que temos diante de nós uma pessoa.

Para preservar e tornar fecundo o pequeno grande tesouro contido nessas palavras, pode ser útil percorrer a história, seria melhor dizer a experiência, de Riley Andersen.

Quem é ela? A protagonista do filme genial de animação “Divertida-Mente”: uma menina cuja jornada se desenrola ao longo de dois episódios cinematográficos hilários (mas jamais superficiais). O primeiro foi apresentado nos cinemas em 2015; o segundo, nas últimas semanas. Riley tem uma história comum: ela é uma garota como muitas outras, apesar da total singularidade da qual todo ser humano é composto.

O que é excepcional, no filme, é o fato de Riley ser mostrada em seus contínuos processos internos: em todas as emoções que sente. As agradáveis e as cansativas, as leves e as pesadas, duras e ásperas. O debate se torna (de certa forma) o protagonista do filme.

Das emoções de Riley, cada uma com seu corpo, sua voz, seu look, seus matizes cromáticos e sua atitude, observamos a discussão crônica, que, no entanto, também se torna dança, dialética fecunda, mistura fundamental para mover a vida (paradigmática) da protagonista tão jovem.

As suas emoções, todas juntas, contrastando e trocando de lugar, levam a protagonista a pensar, sofrer e sorrir, avançar e recuar. Alegrar-se, entristecer-se, ter medo e se acalmar. Em síntese, elas a fazem viver e crescer.

INSIDE OUT 2 - FOGHORN’S JOY – In Disney and Pixar’s “Inside Out 2,” newly minted teenager Riley (voice of Kensington Tallman), her besties Bree (voice of Sumayyah Nuriddin-Green) and Grace (voice of Grace Lu), and their hockey team the Foghorns win the championship. Directed by Kelsey Mann and produced by Mark Nielsen, “Inside Out 2” releases only in theaters June 14, 2024. © 2024 Disney/Pixar. All Rights Reserved.
INSIDE OUT 2 – FOGHORN’S JOY – In Disney and Pixar’s “Inside Out 2,” newly minted teenager Riley (voice of Kensington Tallman), her besties Bree (voice of Sumayyah Nuriddin-Green) and Grace (voice of Grace Lu), and their hockey team the Foghorns win the championship. Directed by Kelsey Mann and produced by Mark Nielsen, “Inside Out 2” releases only in theaters June 14, 2024. © 2024 Disney/Pixar. All Rights Reserved.

Pois bem, para nos reconectarmos à frase que abre esta reflexão, a batalha que Riley está enfrentando pode ser silenciosa e ininterrupta, sutil e construtiva. Ou, simplesmente, é a vida que está sendo enfrentada, formada, na complexidade cotidiana na qual reside a essência da nossa existência.

Se no primeiro episódio Riley passou pela fase da infância, ou seja, pela primeira formação fundamental, aqui estamos no terremoto da adolescência. Na verdade, nós a revemos aos treze anos, no limiar daquele tipo de segundo nascimento que é a puberdade.

Se no primeiro episódio as emoções analisadas, personificadas com imagens e sinais, eram alegria, tristeza, medo, raiva e nojo, agora existem outras mais complexas, como constrangimento, ansiedade, tédio e até inveja.

Não que as primeiras desapareçam, ao contrário, é precisamente na alternância contínua (e até no encontro) de diferentes cores emocionais, cada vez mais articuladas, mas também ligadas entre si e com o que nos acontece – ou com o que nos aconteceu no passado – que se forma a experiência cotidiana de viver, e é para essa ebulição contínua de estados de espírito que devemos estar abertos, saber escutar, ser vigilantes, toda vez que nos deparamos com a vida de outras pessoas.

Faz parte, afinal, da regra de ouro, porque nos convida a olhar para o outro com o mesmo amor e a mesma profundidade com que olhamos para nós mesmos. “Tudo o que quereis que os outros vos façam, fazei vós a eles”, diz essa regra preciosa e nobre, lembrando-nos de amar o outro como gostaríamos de ser amados por ele. Oferecer-lhe o mesmo amor que gostaríamos de receber dele.

Então, olhar para o próximo com amor significa também ler nele aquela tempestade emocional pessoal, mais ou menos poderosa, às vezes incômoda aos nossos olhos, até difícil de entender, que, no entanto, é funcional para ele, ou ao menos caracteriza sua história: faz parte de seu equilíbrio dinâmico e forma sua identidade.

Olhar bem, olhar de verdade, significa encontrar os próprios caminhos, renunciando a um modo de olhar doente de superficialidade e egoísmo, para escolher um caminho que, ao contrário, olha o outro com empatia e de modo completo.

Olhar realmente para o outro significa observar sua paisagem interior articulada, a fim de poder dar-lhe mais e construir com ele aquela relação mais intensa e autêntica que pode dar frutos para ambos.

Riley Andersen, com suas emoções descritas por meio de imagens precisas, cada uma delas com contornos e nuances maravilhosamente definidos, é uma personagem muito interessante, justamente por esses motivos, assim como o filme que ela e suas muitas emoções e sentimentos constroem.

“Divertida-Mente” é um texto aberto a muitas reflexões e a diversos usos sábios. É um material sobre o qual trabalhar para construir a unidade e a fraternidade com o próximo, seja ele um indivíduo ou uma coletividade.


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