Workshop
Castro, a economia, a santidade e o valor do perdão
A jornada de Castro Chacussanga para a autodescoberta, através da dor e do perdão. Uma viagem contada durante o evento de abertura da Semana Mundo Unido na mariápolis permanente de Loppiano.
«Gostaria de contar a história de um rapaz que nasceu em Angola, em 1993, em um contexto de guerra. O seu país tinha realizado eleições pela primeira vez, e havia quem não aceitasse o resultado dessa eleição, dizendo que não tinha sido livre, justa e transparente.» Assim, Castro Chacussanga começou sua história no dia 1º de maio, do palco do Auditório de Loppiano, durante a transmissão ao vivo que inaugurou a Semana Mundo Unido. «A guerra acabou quando esse menino tinha 9 anos. Aos 15 anos, seu pai foi envenenado e morreu com apenas 45 anos, porque alguém queria assumir seu lugar como chefe do escritório do Ministério das Finanças do território». À medida que a narração prossegue, a verdade emerge lentamente, e uma onda de emoção envolve o público que assiste ao programa: Castro não é um ator, e o garoto de quem fala é ele mesmo. Sentado no chão, no palco, ele continua a história dos trágicos acontecimentos dos quais sua família foi vítima, após a morte de seu pai: a mãe se vê sozinha tendo que cuidar de 9 filhos; a perseguição do tribunal e o processo necessário para defender seus direitos; a forte depressão que se apodera da mulher após a vitória no julgamento, que lhe garante um futuro para seus filhos; sua morte, há apenas dez anos; a dificuldade dele para crescer e estudar, superando os obstáculos da burocracia e de certa corrupção.
Ao encontrá-lo do lado de fora do Auditório da mariápolis, sob a luz do sol, Castro Chacussanga impressiona pela confiança de seu passo e pela doçura serena de seu sorriso. Não tem nada de formal, assumido por cortesia, mas algo real e natural que vem de dentro dele. Talvez devido àquela escolha de perdoar os perseguidores de sua família, feita tantos anos atrás e que ele e seus irmãos continuam a renovar a cada ano: «Em dezembro, nos dias próximos à morte dos nossos pais, antes do Natal, nós nos encontramos e renovamos juntos um pacto de perdão. Pedimos que Jesus renasça em nossos corações e que estes sejam um lugar apropriado para o seu nascimento».
Hoje, com trinta anos, ele mora em Loppiano há pouco mais de um ano e é economista. Na mariápolis, frequentou a escola de formação para focolarinos.
«Nasci em uma família cristã que nos ensinou a colocar Deus em primeiro lugar. E tenho certeza de que essa escolha salvou minha vida», confidencia. E acrescenta: «Conheci a espiritualidade de Chiara Lubich quando tinha cerca de 15 anos. Ela propôs que nos tornássemos uma geração de santos. Senti que era algo que eu podia viver, mas com os amigos com quem partilhava essa experiência».
Em Castro, o chamado à santidade está intimamente ligado à sua vocação para a economia. «No meu país de origem, é muito comum encontrar situações de sofrimento. E diante dessas situações, todos sentem vontade de fazer algo.» Ele continua: «Um dos motivos que me levou a optar por estudar economia foi justamente isso. Senti que poderia ser um remédio para os problemas sociais que meu país estava vivendo. Hoje sou economista, porém não de uma economia qualquer, mas da “Economia de Francesco”. Ou seja, uma economia que coloca o homem no centro e em particular os mais pobres.»
Em sua trajetória de crescimento, explica, houve momentos de escuridão: «Daqueles que nos levam a pensar que tudo “começava em mim e terminava em mim”, em que prevalecia uma visão egocêntrica do mundo, que me fazia ser escravo de mim mesmo e perder a paz. Ou momentos como a pandemia, durante a qual, no entanto, também encontrei a esperança, o sentido de Deus e da minha fé».
Apesar de todas as dificuldades, dores e provações que viveu, Castro diz que sentiu, em determinado momento, o desejo de entregar toda a sua vida a Deus. «E aos irmãos e irmãs que encontro todos os dias da minha vida», especifica. Assim se percebe o significado do meu nome, “Chacussanga”, que significa: Deus te encontrou.»