Por Valentina Luna e Fernanda Barrios, com Laura Salerno

Um grupo de jovens de Bogotá inicia  um projeto ecológico em um centro social que acolhe mães e filhos em dificuldade: construir comunidade e cuidar dos outros, educando para proteger o meio ambiente.

“Huertas Urbanas” (Hortas urbanas) nasceu como um projeto a partir da formatura de Valentina Luna, membro do grupo Jovens por um Mundo Unido de Bogotá (Colômbia). Ela, com um colega de classe, viu em sua tese de láurea uma oportunidade pra trabalhar com a própria comunidade. A ideia foi compartilhada com os demais membros do grupo de jovens e decidiram realizar um projeto com as mães e filhos do centro social Unidad, localizado no  distrito de La Merced, em Bogotá.

«Trabalhar com a comunidade foi muito desafiador – explica Valentina –. Inicialmente realizamos entrevistas para conhecer a realidade geral do bairro e entender suas necessidades.»

A seguir foram realizados os primeiros encontros de formação, mediante os quais o grupo de jovens forneceu uma visão geral do projeto e ensinou para mães e filhos alguns conceitos-chave, como “segurança alimentar” e “soberania alimentar”. Este último, de particular importância. De fato, como explica a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), ele estabelece o direito dos povos a alimentos nutritivos e culturalmente adequados, acessíveis, produzidos de forma sustentável e ecológica.

«Pouco a pouco, notamos que o interesse e o comprometimento de algumas mães cresciam cada vez mais… – explica Fernanda Barrios, companheira da Valentina –. Para nós foi muito importante poder contar com o apoio da comunidade.»

Durante o período do projeto, oito mães e várias crianças estiveram envolvidas, e os jovens lhes ofereceram tempo e conhecimento para realizar diversas oficinas.

«Não foi um trabalho fácil, mas exatamente por aí descobrimos que, quando realmente queremos algo, podemos obtê-lo  – disse Valentina –. Houve momentos de dúvida e incerteza, principalmente em relação a como conseguir o orçamento necessário para a realização das atividades. Mas o trabalho duro compensa e, quando as ideias se concretizam, resultados incríveis podem ser alcançados.»

Assim foi possível tornar realidade uma horta do centro social, que atualmente são as mães que tomam conta, que se comprometem a cuidar dela e mantê-la ao longo do tempo.

«Como esse projeto, há muitos que podem ser realizados – explica Fernanda –; podemos agir a partir dos próprios ambientes com gestos simples: coleta de restos de alimentos, separação de resíduos ou fabricação de adubo, atos que são concretos e permitem mudanças reais em nossa sociedade.»

Para esses jovens, além dos pequenos gestos, também é importante formar e educar para a ecologia. «Consideramos que é importante gerar espaços de informação, nos quais  são abordados os temas da ecologia e meio ambiente em geral, pois conscientizam sobre a importância de cuidar dos ecossistemas, que nos proporcionam todos os recursos de que precisamos para viver», explicou ainda Valentina.  Fernanda concluiu: «É importante  incentivar a educação ambiental, para que as gerações subsequentes possam ser sensíveis a esse tema. Mas, acima de tudo, precisamos lembrar que não existem ideias malucas ou impossíveis. Muitas vezes temos uma ideia, mas temos receio de que seja muito difícil torná-la realidade. Ao invés, a ideia de uma única pessoa pode inspirar muitas outras! Portanto, unindo as mãos e a motivação, podemos trazer talvez mudanças pequenas, mas significativas para os nossos bairros, nossa cidade e nossa sociedade».

Os Jovens por um Mundo Unido de Bogotá continuam a trabalhar hoje em diversos projetos voltados para a ecologia e o trabalho social, continuam a trabalhar no centro social e em outros lugares. «Acreditamos que não existem atos pequenos ou impossíveis. Nós simplesmente acreditamos que existem atos de amor. E não existe ato de amor mais concreto, para nós mesmos e para com os outros, do que cuidar desse planeta maravilhoso em que vivemos.»