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Workshop

“De uma cadeia de produção a uma cadeia de solidariedade”

 
6 maio 2020   |   , ,
 

O estilista libanês Tony Ward, em 21 de março, reabriu as portas de seu estúdio em Beirute durante a emergência da Covid-19, transformando um ateliê que normalmente cria roupas de alta costura e de casamento em uma alfaiataria, na qual estão sendo costurados gratuitamente lençóis e roupas de proteção para os médicos do Líbano. “De uma cadeia de produção a uma cadeia de solidariedade”, foi assim que ele definiu a operação. Eis como ele nos contou sobre sua decisão.

Sr. Ward, quando foram interrompidas as atividades no seu Atelier?
Paramos as atividades em nossa boutique na sexta-feira, 13 de março, devido à quarentena estabelecida por decreto do governo. Portanto, tivemos que fechar o estúdio para respeitar a lei e, acima de tudo, para proteger a nós mesmos e o bem-estar de nossos funcionários.

Você teve alguma alteração nos seus pedidos de vestidos de noiva?
Sim, houve alguns cancelamentos, especialmente nos Estados Unidos, em Doha, em Riad… Algumas noivas estão adiando o casamento e outras ainda não decidiram. Aguardamos a chegada de outras mudanças.

Por que o senhor decidiu iniciar a produção de lençóis e roupas de proteção?
Em 21 de março, ouvimos falar sobre a falta de lençóis e macacões no hospital Hariri e em outros hospitais que acolhem pacientes da Covid; entramos em contato com os responsáveis e eles nos explicaram exatamente o que estavam precisando. Então, compramos o material, fizemos os testes e, alguns dias depois, já estávamos enviando tudo oficialmente. Produzimos lençóis, máscaras e roupas de proteção para hospitais que precisavam desse material.

Quais são os tecidos que você usa para fazer os lençóis e as roupas de proteção?
Para os lençóis, optamos por um algodão 60/40, fácil de lavar várias vezes e que pode suportar temperaturas de até 90° C. Demorou cerca de 3 dias para encontrar esse material, que teve de ser aprovado pelo hospital.
Quanto às roupas de proteção, foi mais complicado… Tivemos que fazer muitos testes com materiais descartáveis, de algodão ou até de cetim, e costurá-lo de maneira que não fosse permeável às minúsculas partículas de Coronavírus. Isso também levou alguns dias para ser aprovado.

Quantas pessoas trabalham no seu ateliê?
Normalmente, somos uma equipe de 140 pessoas, mas, para esta operação, temos cerca de dez; garantimos que as pessoas trabalhem a pelo menos 2 metros de distância e adotamos medidas de segurança rigorosas, para o bem-estar delas e para respeitar o produto que estamos produzindo. É claro que não forçamos ninguém a vir, e os que vieram é porque sentiram a necessidade de fazer algo de bom durante esta crise. Depois, uma de nossas funcionárias publicou o vídeo sobre a nossa iniciativa em sua plataforma social e, assim, tornou-se viral!

Como vocês vivem essa experiência?
Meus funcionários foram o meu apoio, os anjos que me sustentaram e me ajudaram a realizar esse projeto, colocando também suas vidas em risco, alguns vindo ao estúdio a pé, alguns de carro, com a possibilidade de serem detidos pela polícia… Posteriormente, recebemos um documento legal dos hospitais que estamos ajudando, o qual demonstra o serviço que estamos prestando a eles. Meus funcionários estão muito felizes porque sentem que o que fizeram é precioso para a comunidade!

Qual foi a resposta dos hospitais que vocês abastecem?
Os hospitais estão sobrecarregados com tudo o que está acontecendo, também recebemos diversos pedidos de outros, até de alguns hospitais privados, mas não conseguimos atender às necessidades de todos porque todo o projeto foi totalmente financiado por nós.


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