Francesco, um jovem italiano, para sermos mais precisos, de Bolonha, fala sobre seu #PillsofHope, sua experiência de esperança feita durante o confinamento na Itália.

«Trabalho no setor de turismo e, com o início da emergência sanitária, fomos atingidos de maneira muito dura», recorda Francesco; «em poucos dias, com as medidas de emergência adotadas pelo governo, tivemos que anular ou cancelar tudo aquilo que havíamos construído nos meses anteriores. E sem qualquer perspectiva de reiniciar a curto prazo. Assim, eu me vi sozinho em casa, dividindo meus dias entre estudo e teletrabalho, com a contrariedade de ver todos os meus projetos em colapso, sem nenhuma luz no horizonte…»

Para salvar Francesco do desalento, chega providencialmente um telefonema de sua mãe, que o lembra de entrar em contato com os amigos de uma associação com a qual ela colabora há algum tempo, chamada associazione il Cerchio dalla Libia a Via Libia (Associação O Circuito da Líbia à rua Líbia), e propõe projetos abertos de acolhimento, solidariedade e cultura, justamente em seu centro na rua Líbia. «Com eles, no verão passado, havíamos organizado um seminário sobre legalidade, em Bolonha – diz Francesco – e, juntos, projetamos uma distribuição de produtos alimentícios». Mas desta vez, além de ajudar os jovens migrantes e os pobres da vizinhança, acrescenta-se a necessidade de amparar várias famílias, colocadas de joelhos pela crise, sem emprego e com necessidades urgentes. «Então, pensamos em ativar uma coleta de fundos extraordinária, envolvendo o maior número de pessoas. Com os produtos doados e as ofertas recebidas, conseguimos superar as primeiras semanas, as mais difíceis, e ainda hoje essa coleta continua.»

Francesco se encarrega das entregas e da ajuda aos jovens que permaneceram na rua Líbia: «Apesar das mil dificuldades, devido às normas sanitárias e ao baixo número de voluntários, é uma experiência muito forte de colaboração e partilha». Então, antes da Páscoa, Francesco faz sua última entrega a um senhor que, no início, tinha vergonha de abrir a porta. «Ele ficava muito embaraçado porque não estava acostumado a pedir ajuda. Não estava trabalhando há muito tempo e a crise agravou sua situação…». Nasce um bom diálogo. Depois de conversarem, esse senhor se despede, fazendo-lhe um pedido fora do comum: conversar na Páscoa para trocar os votos de Feliz Páscoa e superar a solidão.

«Aquele “Feliz Páscoa, espero você segunda-feira”, embargado pela emoção e escondido pela máscara, cortou meu coração. Também fiquei emocionado, gostaria de abraçá-lo e agradecer por ter me lembrado do poder que até mesmo um pequeno gesto pode ter.» Nesse momento, Francesco se move e, depois de compartilhar essa experiência com outros jovens, ele tem a ideia de montar um vídeo com saudações e votos de amigos de vários países do mundo. «No domingo de Páscoa, enviei a ele um vídeo com mais de 50 saudações de muitas pessoas, e para ele foi uma emoção incrível. Ele me disse que havia recuperado uma nova confiança em si mesmo, como não acontecia há muito tempo!».

Uma semana depois, Francesco recebe outro telefonema inesperado…

«Aquele senhor me telefonou emocionado, dizendo que havia encontrado um emprego como zelador, agradecendo a mim e a todos os rapazes que o haviam sustentado virtualmente, porque lhe deram novas forças para procurar trabalho. Foi uma emoção muito forte para mim e me fez entender que a ajuda financeira e material é importante, mas se sentir amado e lembrado por alguém tem muito mais valor!».

A esse ponto também Francesco faz uma descoberta: «Redescobri que, a partir de um momento sombrio de nossa vida, é possível gerar uma nova luz… e isso desencadeia um processo contagioso que vai bem longe!».