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“Loppiano Cares”: uma mariápolis permanente que ousa “cuidar”
Em Loppiano, mariápolis permanente italiana do Movimento dos Focolares que fica na província de Florença, durante o lockdown, nasceu uma nova linha de produção que visa o bem-estar da pessoa a partir da criação de máscaras, contribuindo assim para o bem comum. É denominada “Loppiano Cares”.
Loppiano, a cerca de trinta quilômetros de Florença, ergue-se em um esplêndido planalto verde, entre vinhas, quintas e fileiras de ciprestes. Pouco mais do que uma localidade, do ponto de vista da geografia administrativa italiana, há quase sessenta anos é palco de uma experiência original de convivência internacional, inter-religiosa e intergeracional. Seus “cidadãos”, de fato, proveem de todas as partes do mundo e são pessoas de diversas idades, origens, nacionalidades, crenças religiosas e vocações. Loppiano é a primeira “cidadezinha” do Movimento dos Focolares, um lugar onde se procura viver e pôr em prática o amor recíproco, para o qual Jesus convida no Evangelho: «Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a própria vida por seus amigos».
Uma nova linha de produção
“Dar a vida por seus amigos”: o que isso pode significar em tempos de lockdown, enquanto na Itália toda atividade educacional, cultural e produtiva está interrompida numa tentativa extrema de desacelerar o contágio? Em Loppiano, não tiveram tempo para se perguntar. De fato, em março, chega uma proposta da região da Toscana pedindo que produzissem 100.000 máscaras até o final de abril, para atender à enorme demanda desencadeada pela pandemia. Uma proposta providencial, como explicam da mariápolis permanente: «Providencial porque nossas empresas, já no final de fevereiro, com a crise global desencadeada pela epidemia, sofreram uma queda acentuada nas encomendas. Quando houve o lockdown, o problema passou a ser: do que vamos viver? Tem algum trabalho? Por isso colocamo-nos o problema do que fazer, algo que tivesse implicações em vista do bem comum». Assim, a Fantasy, empresa que desde 1965 fabrica produtos têxteis infantis, e a Conto Terzi Loppiano, que realiza produções na área de acondicionamento, embalagens e acabamentos por terceirização, passaram a produzir máscaras. «Nesse ínterim – explica Luisa Colombo que, com Marco Barlucchi, é responsável pelo projeto “Loppianocares” – iniciamos um processo de diálogo e discernimento com as escolas de formação». De fato, em Loppiano existem dez escolas de formação dirigidas especialmente a pessoas pertencentes ao Movimento dos Focolares e provenientes de diferentes áreas geográficas e culturais. Pessoas que passam parte do dia trabalhando, compartilhando seus talentos, ajudando assim a fazer crescer a mariápolis permanente. «Conversamos com as escolas, especialmente as dos gen e das gen (Ndr: são os jovens dos Focolares) e as dos focolarinos – explica Marco Barlucchi – e descobrimos neles uma motivação profunda: o fato de colocar potencialmente “em risco” a saúde, naturalmente em total conformidade com as normas de segurança anticovid, era a maneira deles de responder a uma necessidade coletiva, às necessidades de um país que, para muitos, não era o seu. Juntos, corríamos outro risco: estava começando uma história cujo final não conhecíamos, mas sabíamos que podia contribuir para o bem comum».
Do que nasce o quê
Nesse ínterim, outras questões surgiram: como continuar? «A certa altura, ficou claro que as consequências nos hábitos trazidas pelo vírus durariam pelo menos dois anos… – explica Luisa Colombo – então, procuramos novos caminhos a serem percorridos, conectamo-nos em rede e consultamos outros agentes de trabalhos sem fins lucrativos, com os quais compartilhamos problemas semelhantes. Todos compartilharam o que sabiam». Marco Barlucchi entra: «No final, passamos da ideia de receber máscaras à de produzi-las, de uma comunhão de bens em máscaras a uma comunhão de bens em fabricação de máscaras: do peixe à vara de pescar». Graças ao interesse e à paixão de muitos, em particular de um voluntário de Taiwan, Felix, Loppiano consegue interceptar uma linha de produção que poderia ser adequada. Ao mesmo tempo, inicia-se o estudo do produto, que deve ser econômico e de qualidade. No final de julho, as máquinas chegam e, graças ao trabalho apaixonado e gratuito de muitos técnicos e engenheiros, os testes são aprovados.
Loppiano Cares
«Chamamos esta nova linha de “Loppiano Cares”, pois na base de todas as nossas ações está sempre a atenção para com o outro. Essa nova atividade insere-se numa perspectiva, já encaminhada, de produção de artigos para o bem-estar da pessoa que, neste momento, está concentrada na criação e produção de máscaras de proteção», explicam Marco e Luisa.
Tem a Mascot, a máscara indicada para estudantes, desenhada para escolas, lavável e confeccionada em algodão. Tem a MAScare, a máscara cirúrgica clássica, logo certificada. Ambas estão à venda ao público no marketplace da mariápolis permanente: Made in Loppiano. Os distribuidores interessados, por outro lado, podem entrar em contato com a Fantasy diretamente.
Máscaras solidárias
Ao escolher as máscaras de Loppiano Cares, não só se contribui para o sustento e formação de muitos jovens e famílias que vêm a Loppiano para viver uma experiência de fraternidade, mas também pode-se participar de um projeto de solidariedade internacional. De fato, a cada 1000 máscaras vendidas, a Fantasy doa 1 euro ao projeto “Esperanza Ecuador”, para socorrer a população da Província de Esmeraldas, uma das mais pobres do país, na crise econômica provocada pela Covid.