Workshop
Os tijolos da solidariedade: uma história de defesa do direito à moradia
En colaboración con el Centro Internacional Gen4
Pitalito, Colômbia: uma mãe e seus quatro filhos vivem em um barraco construído com lonas plásticas. Um grupo de crianças, juntamente com os pais e a comunidade, decide ajudá-los a construir uma casa, tijolo por tijolo, onde possam viver com dignidade.
Por ocasião do Dia Mundial dos Direitos da Criança, que é celebrado em 20 de novembro, propomos esta história da Colômbia que fala de solidariedade e corresponsabilidade.
Santiago tem 13 anos e vive com seus pais, agricultores, em um município no sul da Colômbia, a mil metros de altitude. Há algum tempo, pouco antes do período de Natal, o menino e seus pais conhecem uma vizinha que mora com seus quatro filhos. A situação deles é bem diferente das condições da família do Santiago: eles vivem no que na Colômbia é chamado de cambuche, um barraco construído com grandes lonas de plástico.
Como ajudar essa mãe e seus quatro filhos?
Todos os anos, a família do Santiago participa de uma ação de solidariedade chamada “Desalojaram Jesus“: consiste em oferecer pequenas estatuetas representando o Menino Jesus, para lembrar o valor do Natal e, em seguida, obter ofertas em dinheiro a ser enviado àqueles que vivem em dificuldade. «Geralmente o dinheiro era enviado para pessoas que moram distantes daqui – conta um colaborador que fez parte da iniciativa –, mas desta vez a emergência estava diante dos nossos olhos; queríamos fazer algo que envolvesse várias famílias da comunidade, filhos e pais.»
Entre 2020 e 2021, 3,6 milhões de colombianos passaram a viver na pobreza e 2,7 milhões, na pobreza extrema[1]: esse é precisamente o caso da família que acaba de ser encontrada pelo pequeno Santiago, e todos os participantes da venda das estatuetas concordam em ajudá-los. Juntos decidem procurar os meios para construir uma nova casa: é preciso encontrar o lugar, o material e a mão-de-obra para que isso aconteça; mas o orçamento é muito alto, e o dinheiro obtido pelo projeto “Desalojaram Jesus” não é suficiente.
A única solução é pedir ajuda. Em pouquíssimo tempo uma densa rede de solidariedade é ativada: um homem doa um terreno onde construir a casa, algumas autoridades do bairro colaboram oferecendo o material, vizinhos se colocam à disposição para finalizar os detalhes. Por fim, uma das ajudas mais substanciais vem de dez lavradores peritos em construção, que vivem em uma comunidade próxima: eles decidem deixar seu trabalho por uma semana e se dedicar à construção dessa casa, gratuitamente. «Não trabalhar por uma semana, para eles, significa não saber se poderão arcar com as despesas até o fim do mês – explica outro colaborador –: foi um ato de imensa generosidade.»
No prazo de sete dias a casa está pronta: dois quartos, uma cozinha, um banheiro e uma grande sala multiuso. É o resultado de uma cadeia de generosidade que envolveu uma comunidade inteira. Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, o artigo 25 estabelece, entre outros, o direito à moradia; no entanto, ainda há muito o que fazer para garantir que tais direitos fundamentais sejam defendidos. Alguém, dentro do que lhe é possível, a partir do empurrão dos pequenos como Santiago, começou a fazer a própria parte.