Workshop
Ousar cuidar além das diferenças culturais
Os jovens do Movimento dos Focolares nos Camarões promoveram em 2022 o Festival da Juventude com o tema “Ousar cuidar: paz, fraternidade e ecologia”, que atraiu mais de 400 jovens camaroneses de língua inglesa e francesa.
Ao longo dos anos, os festivais musicais e culturais de todo o mundo tornaram-se um método fundamental por meio dos quais os jovens do Movimento dos Focolares mostram ao mundo que a fraternidade universal e a construção de um mundo unido são possíveis. Em 2022 não foi diferente, e nos Camarões os Embaixadores do Mundo Unido e os Jovens por um Mundo Unido organizaram um festival da juventude com o tema “Ousar cuidar: Paz, Fraternidade e Ecologia”.
O principal objetivo do evento, que decorreu durante 6 dias em Bafoussam, na Região Ocidental dos Camarões, foi promover e trabalhar pela fraternidade e pela paz na sociedade deles.
“Para nós, esse festival foi uma oportunidade de viver a Regra de Ouro, comum a todos os povos e a todas as religiões; para sermos instrumentos de paz e de amor quando regressarmos às nossas várias cidades”, diz Nkemanjen Regina, jovem participante do festival, referindo-se à famosa frase “Faça aos outros o que quer que façam a você”, encontrada nos livros sagrados de diversas religiões.
Camarões é um país que tem mais de 258 grupos étnicos com culturas e línguas diferentes. O país centro-africano tem duas línguas oficiais, inglês e francês. Desde 2016, os Camarões enfrentam uma crise sociopolítica na parte de anglófona do país, prevalentemente uma consequência da história colonial do país. Essa crise gera o conflito separatista entre os camaroneses francófonos e anglófonos. Apesar disso, o festival conseguiu reunir mais de 400 jovens de diversas etnias e culturas, provenientes de mais de 12 cidades dos Camarões. Regina conta que havia participantes de ambas as partes do país:
“No início, podíamos notar o desinteresse dos dois grupos em interagir entre si, então as interações ficaram limitadas a pessoas da mesma língua e da mesma cidade. No decorrer do evento, ficou evidente que muitos tentaram superar as barreiras linguísticas e culturais para se conhecerem melhor. Podíamos ver os nossos irmãos e irmãs de língua francesa tentando falar inglês, e a nossa população de língua inglesa fazendo o mesmo com o francês. Dialogamos juntos, compartilhamos nossas experiências e ideias, que ofereceram a beleza do nosso tema em termos práticos. Não havia os francófonos nem os anglófonos, mas uma grande família.”
O Festival da Juventude, assim chamado por eles, foi também uma oportunidade para apresentar o tema do Pathway deste ano: “Dare to Care: as pessoas, o planeta e a nossa conversão ecológica”, encorajando os jovens a serem protetores dos sistemas ecológicos e dos seus recursos, como resposta ao grito da mãe terra, e a construir pontes de fraternidade entre diversos grupos étnicos e sociais.
“Usamos ‘Dare’ (Ousar) porque entendemos o quanto é desafiador, mas não impossível, viver pela paz, pela fraternidade e pela ecologia nestes tempos. Fomos todos encorajados e motivados.” É o que nos conta Godric Mbunya Azombu, um participante do evento.
Os jovens vivenciaram o tema por meio de experiências, diálogos, teatro, danças e canções, interações práticas que promoveram a convivência entre eles, como resposta aos obstáculos que os jovens têm que enfrentar e às crises ambientais. Para o jovem Azombu, as apresentações culturais foram particularmente importantes para o reconhecimento e a valorização da diversidade entre eles, pois os grupos puderam se apresentar com seus trajes culturais, dando a oportunidade de aceitar as diferenças individuais ali presentes. “Acima de todos os desafios, fomos muito motivados pelo desejo de ousar pela paz, pela fraternidade e pela ecologia. Sabíamos que o nosso era um ideal de unidade, e não de uniformidade”.
Esse evento foi coroado com uma mensagem do Fon de Nkar, rei de um vilarejo na região noroeste dos Camarões atingida pela crise sociopolítica. Na sua mensagem, o rei exortou os jovens a prosseguirem juntos e a levarem cotidianamente mensagens de paz e de fraternidade, para serem sempre o reflexo da paz e da unidade.
De acordo com Regina, os jovens camaroneses voltaram para casa completamente aliviados no espírito pelas experiências vividas, desejosos de continuar nesse novo modo de viver, especialmente nos tempos difíceis em que se encontram. Percebemos que havia chegado o momento e que este era o lugar para começar”.
Azombu disse que os jovens se comprometeram em voltar para casa e trabalhar pela paz, pela fraternidade e sustentabilidade. Todos concordaram em começar com suas pequenas gotas diárias, para que essas gotas formem um oceano. “Amor, paz e unidade é tudo o que precisamos todos os dias. Podem fazer o mundo girar”.