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Quênia: Aquela cultura diferente que me fez ficar apaixonada. Voluntariado milONGa de Isabele

 
21 fevereiro 2023   |   Quênia, ,
 
Por Janeth Cárdenas Belmonte

Isabele Amorim nos conta sobre sua “viagem” do Brasil ao Quênia, para uma experiência de voluntariado que a faz descobrir a beleza da diversidade e do diálogo entre os povos.

Isabele Amorim de Deus Pires tem 24 anos e é natural de Sorocaba, no estado de São Paulo, Brasil.

Estudou psicologia, mas leciona inglês há seis anos, pois estudar idiomas é um de seus hobbies favoritos, uma paixão que a faz intuir que o mundo é algo mais do que aquilo que ela vê em sua cidade.

São tempos de pandemia, e esse desejo cresce cada vez mais, então Isabele decide começar a fazer algumas experiências de voluntariado em sua cidade, respondendo ao seu desejo de doar mais à humanidade.

Isabele conhece milONGa, o programa internacional de voluntariado baseado em três pilares: serviço social, interculturalidade e formação à cidadania global. Sua viagem com milONGa começa com uma experiência de voluntariado no Movimento dos Focolares no Brasil: é ali que Isabele sente que pode se colocar a serviço dos outros, até mesmo em um país longe da sua cultura.

«Fiz a minha experiência de voluntariado no Quênia» – ela conta – «Vivi lá seis meses, trabalhando em três instituições diferentes. Passei os primeiros três meses na Família Ya Ufariji, um abrigo para jovens abandonados. Depois, por mais três meses, trabalhei para dois projetos educacionais: o Projeto Magnificat e a Escola Arco-Íris. O Quênia me deu a possibilidade de combinar psicologia e ensino de línguas, e isso fez com que eu me sentisse muito confortável desde o início da preparação com milONGa».

Para Isabele, o Quênia não é apenas distante geograficamente de seu Brasil, mas também diferente em tradições e costumes, mas com uma riqueza inestimável. No entanto, ela não tem grandes expectativas, porque em seu país, como em muitas partes do Ocidente, falar da África é falar de estereótipos; pensamos na África como um todo único, deixando de lado as particularidades e as diversas realidades vividas por cada país.

Poucos dias antes da sua partida para o Quênia, Isabele compartilha uma mensagem, na qual garante que se sente acompanhada pela sua família, pelos seus amigos e por toda a comunidade da sua cidade; sabe que não parte sozinha, mas leva consigo o apoio e o acompanhamento daqueles que viveram com ela todo o processo de preparação para uma aventura até então incerta, cheia de desafios, mas também de oportunidades, de aprendizagem.

Seu primeiro encontro com o país africano ocorreu durante um giro por Nairóbi, em que ela pôde observar em primeira mão as consequências da desigualdade. Embora o Brasil também passe por problemas semelhantes, o que Isabele vê durante essa primeira volta pela cidade, permite que ela entenda como a lacuna econômica influencia a linguagem corporal.

«Percebi que o status social pode mudar muito o comportamento de uma pessoa, desde a maneira de gerenciar as finanças até a de estudar um assunto, servir comida em um prato ou se expressar através da linguagem corporal. Quando notei esse comportamento, decidi deixar de lado meus hábitos para abraçar o que agora era minha casa, para que ninguém se sentisse desconfortável».

Essa realidade faz crescer nela a sua curiosidade e o desejo de conhecer em profundidade a cultura na qual está vivendo agora; aproveitando todas as oportunidades para estabelecer um diálogo profundo com as pessoas que conhece, ela desenvolve um nível de empatia tal, pelas experiências e histórias que ouve, que percebe que não iria mudar o mundo sozinha, e se comprometen com mais força e determinação no trabalho em grupo.

Uma das experiências mais fortes é perceber a forma como os adultos se relacionam com crianças e adolescentes. Estando acostumada a uma atitude gentil, respeitosa, amorosa e de escuta constante, ver a forma rude e às vezes violenta como as crianças convidadas são tratadas a deixa inquieta. Isabele tenta conversar e compartilhar suas impressões, tanto que alguns comportamentos mudam um pouco, para melhor.

«O Quênia fez de mim uma pessoa mais forte» – conclui Isabele – «Fiquei apaixonada por um país e por um continente que hoje defendo com força. Eu sempre conto que vivi no Quênia, um país da África Oriental, para que as pessoas entendam que a África é um continente imenso, bonito e rico… Agora eu amo mais a diversidade do meu país. Não quero ser aquela que sempre critica os problemas, quero ser uma pessoa ativa e comprometida com a mudança, para melhorar este mundo».


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